A capital da esperança

A democracia brasileira parece ser uma planta frágil, mas luta, resiste e renasce, mesmo
quando tudo parece perdido. Que ano difícil e pesado foi 2022, e que glorioso renascimento
estamos vivendo agora. Não é uma vitória pequena, é enorme, épica. Em 2016, desde o golpe
contra Dilma, vivemos um processo de invasão e asfixia dos espaços democráticos, que só podia
mesmo resultar na ascensão ao poder da extrema direita fascista. Na noite infame do congresso,
em abril de 2016, o presidente que agora fugiu para Miami dedicou seu voto pelo impeachment
ao torturador da presidenta. Fez o elogio público da tortura e da ditadura de 1964-1985, e abriu
caminho para liderar a direita fascista (que já se manifestava com seu verde-amarelismo desde
os estranhos “movimentos sociais” de 2013-2014), apossando-se do Estado através das eleições
de 2018, beneficiado pela prisão ilegal de Lula. Elegeu-se contra a política, em nome de ícones
da ideologia autoritária, armamentista, negacionista, ancorada na máquina de fake news e no
apoio da mídia. Fez um governo de terror e destruição. Ignorou a pandemia, zombou do
sofrimento das pessoas, disseminou o ódio, prestou vassalagem aos poderosos, destruiu a
natureza para enriquecer exploradores, prestou continência e obediência servil ao imperialismo.
É inegável que mesmerizou os adeptos da antipolítica, do ódio à esquerda, do conservadorismo
de costumes, de grande parte dos grupos evangélicos. A extrema-direita se fortaleceu durante
seu governo, seguindo uma tendência que está presente em vários países do mundo.

Mas a democracia, com Lula, venceu. Hoje o que vemos das imagens de Brasília (e de todo
o país) é a volta da alegria da política, a vibração da boa luta, o orgulho da resistência, a
retomada da esperança. No país mais desigual e injusto do planeta, vamos retomar a luta pela
igualdade, pelos direitos, por políticas sociais que enfrentem de fato a iniquidade, pela
soberania do país. Discordâncias com o ministério de Lula? Dúvidas sobre como fazer frente à
velhíssima “questão militar”? Críticas sobre a perene colonização da mídia corporativa sobre a
área de comunicação social? Claro, muitas dúvidas, muitos problemas, muita luta. Viva a
democracia, viva a esperança! Que ano maravilhoso, este ano terrível de 2022! Que venha o
novo ano, 2023, com sua esperança e seus desafios.

Pedro Gabriel Delgado – 31/12/2022