É uma triste notícia para todo o campo da saúde mental, não apenas na Itália e no Brasil, mas em todo o mundo. Faleceu hoje (16/3), pela manhã, aos 80 anos, em Trieste, o psiquiatra italiano Franco Rotelli, sucessor de Franco Basaglia na direção do serviço de saúde mental triestino, que é a experiência mais representativa da Psiquiatria Democrática Italiana. Rotelli esteve várias vezes no Brasil, e, com sua liderança internacional, apoiou desde o início o movimento brasileiro da reforma psiquiátrica. Ajudou diretamente no debate da lei 10.216/2001, tendo participado de uma memorável audiência pública no Senado Federal, durante o longo esforço para aprovação da lei brasileira. Tem uma contribuição teórica valiosa, presente em diversas publicações, e mantinha uma militância permanente na luta pela reforma psiquiátrica e nas diversas lutas por uma sociedade mais justa. Rotelli foi um dos principais líderes da luta pela substituição do modelo manicomial e pelos direitos e protagonismo dos usuários. Ele esteve presente, com Robert Castel e outros, no Congresso Internacional da Rede Alternativas à Psiquiatria, em Buenos Aires, em dezembro de 1986, no qual se adotou internacionalmente o lema “Por Uma Sociedade Sem Manicômios”, assumido como bandeira no histórico Congresso de Trabalhadores de Saúde Mental de Bauru, no ano seguinte, 1987. O movimento brasileiro de reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial tem em Franco Rotelli uma referência política, teórica e afetiva. Viveu uma vida plena de luta, realizações e solidariedade. Permanece vivo, como inspiração de luta, em nossos corações. Rotelli, presente !
(Pedro Gabriel Delgado, 16/03/23)
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